Saiba como deve ser o clima no outono de 2024 no Rio Grande do Sul
- 18/03/2024
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O outono de 2024, que começa à 0h06 desta quarta-feira (20) no Hemisfério Sul, com o equinócio, caracteriza-se como uma estação de transição do calor do verão para o frio do inverno. A estação começa com o Oceano Pacífico ainda sob El Niño depois de vários anos em que o outono teve início ou sob a influência da La Niña ou em fase de neutralidade.
Na semana em que se inicia o outono, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Centro-Leste está em 1,1ºC, ou seja, na faixa de El Niño moderado (1ºC a 1,4ºC), mas há um mês esta área estava com anomalia de 1,5ºC, sinalizando que o El Niño enfraquece e se encaminha para o fim.
A tendência para o período até 21 de junho, quando tem início o inverno às 17h51, é que o fenômeno El Niño declarado em junho do ano passado chegue ao seu final nas próximas semanas. O Pacífico deve deixar de apresentar condições oceânicas de El Niño em meados de abril ou no mais tardar no começo de maio.
Com isso, o Oceano Pacífico deve entrar uma fase de neutralidade, ou seja, sem El Niño ou La Niña, mas que será breve e vai estar presente durante grande parte do outono que se inicia. No final da estação ou no começo do inverno se espera que condições de La Niña já estejam presentes ou muito próximas de serem declaradas oficialmente com um evento em curso.
O comportamento da temperatura no Oceano Pacífico será determinante para o clima neste outono. Neutralidade é frequentemente confundida com normalidade, mas pode trazer tanto extremos de El Niño como de La Niña. Assim, tanto na precipitação como na temperatura os sinais podem ser mistos no decorrer da estação.
Mesmo antes de um evento de La Niña ser declarado, ou no final deste outono ou nas primeiras semanas do inverno, já se observará ao longo do outono o surgimento de áreas de águas mais frias do que a média na faixa equatorial do Oceano Pacífico à medida que águas de temperatura abaixo da média do fundo do mar alcançam a superfície por um processo chamado de ressurgência.
Projeta-se um acentuado resfriamento no decorrer do outono das águas superficiais no Pacífico Equatorial junto aos litorais do Peru e do Equador, região que é denominada de Niño 1+2. Tal resfriamento deve impactar o clima no Sul do Brasil mesmo antes de um evento de La Niña estar maduro e declarado pelas agências internacionais de clima.
Quando esta parte do oceano mais próxima do Peru e do Equador se resfria, há uma tendência de maior probabilidade de ingressos de massas de ar frio no Sul do Brasil. Uma vez que o resfriamento deve ser mais pronunciado na segunda metade da estação, entre maio e junho, os reflexos se sentiriam mais tardiamente neste outono na temperatura e não agora nas primeiras semanas da estação.
CHUVA NO OUTONO
O outono marca uma mudança no regime de chuva no Centro-Sul do Brasil. Enquanto no verão as precipitações se originam mais de nuvens carregadas que se formam pelo calor e a umidade alta, a partir do outono a chuva passa a ter como causa principal a passagem de frentes frias e centros de baixa pressão.
Mais ao Sul do Brasil não há uma estação seca e outra chuvosa, como ocorre no Centro do país. Porto Alegre, por exemplo, tem média de precipitação de 120,7 mm em janeiro, no auge do verão, e de 112,8 mm, último mês do chamado outono meteorológico (março a maio).
A cidade de São Paulo, que possui estações seca (inverno) e chuvosa (verão) tem média de precipitação mensal de 292,1 mm em janeiro e 66,3 mm em maio. Com isso, à medida que o outono avança, a tendência é de diminuição da chuva no Centro-Oeste e no Sudeste do Brasil.
Em junho, não raro, se produz na Região Sul, em particular no Rio Grande do Sul e no Leste de Santa Catarina, a atuação de frentes quentes, tipo de sistema meteorológico muito menos comum que as frentes frias e que são mais frequentes nos meses frios do ano. Quando estas frentes quentes se formam sobre o Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina costumam trazer altos volumes de chuva e ainda temporais com muitos raios e, principalmente, granizo.
O outono é a estação com menor frequência de temporais no Centro-Sul do Brasil, mas tempo severo ocorre em qualquer época do ano. Episódios de fortes temporais com granizo e vendavais durante os meses do outono estão fartamente documentados nos estados do Centro-Oeste, Sudeste e o Sul, inclusive com episódios de tornados.
Em 2024, a tendência é de um outono com chuva perto e acima da média em parte do Sul do Brasil. Somente no segundo dia do outono, em 21 de março, por efeito de uma intensa frente fria que chegará com temporais, muitas cidades gaúchas podem ter entre 15% e 30% da precipitação média histórica da estação inteira.
Projeção de anomalia (desvio da média) de chuva do trimestre de outono meteorológico (março a maio) do modelo SEAS5 do Centro Meteorológico Europeu (ECMWF). O mapa é meramente ilustrativo do dado bruto do modelo e não necessariamente representa o prognóstico climático da MetSul que leva em conta outros modelos e análises de clima.
No decorrer da estação, a tendência é de chuva acima da média no Sul principalmente no Rio Grande do Sul e no Leste de Santa Catarina e do Paraná. Há risco de episódios pontuais de precipitação muito intensa, com elevados volumes, capazes de gerar cheias de rios, deslizamentos, alagamentos e inundações. Áreas do Noroeste e do Norte paranaense podem se ressentir de precipitação abaixo da média histórica sazonal de outono.
Na maior parte do Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil, a perspectiva é de chuva abaixo ou perto da média no outono, mas há uma exceção. Áreas do litoral e perto da costa nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro podem ter chuva acima da média por eventos de chuva volumosa associados a passagens de frentes frias e fluxo de umidade marítima interagindo com o relevo da Serra do Mar. Já no começo da estação, entre os dias 22 e 25 de março, há risco de um evento de chuva volumosa a excessiva nestas áreas.
MetSul