Governo de Javier Milei enfrenta primeiro grande protesto na Argentina
- 20/12/2023
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O primeiro grande protesto contra o governo do recém-empossado presidente da Argentina, Javier Milei, começou no final da tarde desta quarta-feira (20), em Buenos Aires com confrontos entre manifestantes e policiais. As tensões aumentaram quando os oficiais tentaram levar os manifestantes para a calçada, desobstruindo uma das vias da cidade.
Os movimentos de esquerda se mobilizaram para protestar contra o chamado “Plano Motoserra”, que é um pacote de medidas econômicas anunciadas com o objetivo de conter os gastos e melhorar o cenário da economia da Argentina.
A mobilização também homenageia o 22º aniversário de um protesto em 2001 contra o governo do então presidente Fernando de la Rua que deixou dezenas de mortos devido à repressão policial.
A ação policial da administração de Milei acontece dias após um anúncio de um protocolo antipiquetes e a ameaça de cortas os benefícios sociais de manifestantes que bloqueiem vias e pontes durante protestos.
Horas antes do início do protesto, o policiamento foi reforçado em diversos pontos de Buenos Aires e nas entradas da capital, como em estações ferroviárias, por onde chegaram manifestantes de cidades próximas. Com autorização do Ministério da Segurança, os oficiais revistaram passageiros a bordo de transportes coletivos.
“Hoje tivemos uma operação digna de uma guerra e de um estado de sítio na Argentina contra o que é uma manifestação pacífica”, afirmou Eduardo Belliboni, representante do Polo Obrero (PO), um dos principais organizadores da marcha, à AP. “Desde a manhã [o governo] está aterrorizando a população que, no entanto, está chegando em massa.”
O líder do Polo Obrero disse que os manifestantes não querem qualquer tipo de confronto com as autoridades, mas explicou que os participantes do protesto vão se mobilizar pelas ruas.
“É onde as pessoas se movimentam em todas as partes do mundo. Onde vamos colocar 50 mil pessoas?”, disse.
Na última semana, a ministra de Segurança, Patricia Bullrich, anunciou um novo protocolo antipiquetes em que determina que as forças federais e o serviço penitenciário federal intervirão diante de piquetes e bloqueios, sejam parciais ou totais, de acordo com os códigos processuais vigentes.
“Se houver crime em flagrante, eles poderão intervir. Os crimes serão apurados de acordo com o artigo 194 do Código Penal e as forças federais poderão intervir em flagrante”, explicou.
O protocolo também determina que, no caso de bloqueio de vias durante protestos:
As autoridades atuarão até todas as ruas e pontes bloqueadas serem liberadas. Para isso, a mínima força necessária será utilizada.
Os responsáveis pelos bloqueios serão identificados, assim como cúmplices e instigadores, e suas informações serão enviadas para as autoridades competentes. Veículos utilizados em piquetes também serão assinalados.
As organizações sociais responsáveis pelos protestos deverão arcar com os custos das operações de segurança.
Um juiz competente será notificado se as ações resultarem em danos ambientais.
A participação de crianças e adolescentes resultará na notificação das autoridades e serão impostas sanções aos acompanhantes dos menores de idade.
Manifestantes estrangeiros com residência provisória serão identificados e suas informações serão enviadas para a Direção Nacional de Imigração da Argentina.
As organizações que participarem frequentemente na criação de piquetes serão colocadas em uma lista do governo.
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